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O papel da dieta no aumento benigno da próstata


   9 de fevereiro de 2022

A Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) ou aumento benigno da próstata, é considerada uma doença multifatorial. Desse modo, os mecanismos biológicos responsáveis pela doença podem envolver fatores hormonais, inflamatórios, genéticos e de estresse oxidativo, entre outros relacionados com o envelhecimento. Por este motivo, as correlações entre diferentes padrões de dieta e o desenvolvimento da doença são de difícil constatação e ainda não foram totalmente elucidados.

Apesar disso, inúmeros estudos na literatura médica realizados em modelos animais e em humanos já conseguiram identificar nutrientes que parecem aumentar ou reduzir o risco da doença. O objetivo deste texto é enumerar as principais evidências encontradas nos estudos clínicos.

Uma correlação estatisticamente significativa entre maior risco de HPB e alto consumo de gorduras e carne vermelha ou baixo consumo de proteínas e vegetais, foi encontrada em um estudo com 18.800 pacientes com mais de 50 anos. Comparados com os homens que comem carne vermelha menos de uma vez por semana, os homens que comem pelo menos diariamente tiveram um aumento de 38% no risco de HPB, e em comparação com os homens que comem menos de uma porção de vegetais por dia, os homens que comem quatro ou mais porções tiveram um risco de HPB 32% menor. Ainda neste estudo, uma leve relação entre menor risco de HPB e múltiplos nutrientes, como licopeno, vitamina D e zinco também foi estabelecida. Em comparação com os homens no quintil mais baixo da ingestão total de vitamina D, aqueles no quintil mais alto tiveram um risco de HPB reduzido em 18%. Estudos em animais com deficiência de vitamina D também revelaram uma correlação com maior fibrose, inflamação e aumento benigno da próstata. 

Com relação a esses nutrientes, a vitamina D pode ser obtida a partir do consumo de óleo de fígado de peixe, carnes e frutos do mar. No entanto, sua principal fonte de produção é através da exposição moderada da pele aos raios de sol. As principais fontes de zinco são os alimentos de origem animal como ostras, camarão, carnes de vaca, frango, peixe e fígado. O licopeno, por sua vez, é um pigmento carotenoide responsável pela cor vermelha-alaranjada de alguns alimentos, como tomate, mamão, goiaba e melancia.

Outros autores investigaram prospectivamente os efeitos de frutas, hortaliças e micronutrientes sobre a HPB e encontraram um efeito benéfico entre a ingestão de hortaliças, principalmente aquelas ricas em betacaroteno, luteína, vitamina C e a HPB. O betacaroteno é um pigmento responsável pelas cores vibrantes de algumas frutas e legumes, como a cor laranja da cenoura, o vermelho do caqui, e o amarelo intenso da manga. Depois de ingerido, tem a capacidade de se converter em vitamina A, que por sua vez é importante para a manutenção da saúde da pele, da visão e do sistema imunológico. 

A luteína é um carotenóide com pigmentação amarela, essencial ao bom funcionamento do organismo, já que este é incapaz de o sintetizar, que pode ser encontrado em alimentos como milho, couve, rúcula, espinafre, brócolis ou ovo. A vitamina C pode ser obtida especialmente em algumas frutas, como a laranja, goji berry, acerola, kiwi e goiaba, e verduras, como a couve e os brócolis. 

Finalmente, de modo semelhante ao que foi relatado em modelos animais, uma forte utilidade do extrato de lignana de linhaça para melhorar os sintomas urinários relacionados à HPB foi relatada. 

Os resultados deste estudo foram comparáveis aos observados para alguns medicamentos para tratamento da doença. Os autores conduziram um ensaio clínico randomizado no qual um placebo, 300 ou 600 mg/dia de um extrato de linhaça, foi administrado a 87 pacientes acometidos por HPB e encontraram diminuição dos sintomas e melhora do escore de qualidade de vida.

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